“Montadoras adotam férias coletivas e reduzem produção para evitar acúmulo de estoque”
Diversas montadoras estão anunciando a concessão de férias coletivas em suas plantas para evitar o aumento de estoques devido à irregularidade no fornecimento de componentes. A GM já anunciou uma paralisação de 17 dias em sua fábrica em São José dos Campos, e agora outras empresas seguiram o mesmo caminho.
A Hyundai dará 13 dias de férias em sua planta em Piracicaba, enquanto a Volkswagen terá 10 dias de pausa em Taubaté. A Stellantis, responsável por marcas como Fiat, Jeep, Peugeot e Citröen, fará uma pausa a partir desta quarta em um dos três turnos da fábrica em Goiana, Pernambuco. Entre os dias 27 de março e 6 de abril, todos os turnos ficarão paralisados.
As férias coletivas da Hyundai já começaram em Piracicaba, afetando os três turnos de produção e as equipes administrativas, totalizando cerca de 2.000 funcionários. A empresa afirmou que a medida foi necessária para adequar os volumes de produção e evitar a formação de estoques, acompanhando a dinâmica do mercado interno de veículos no primeiro trimestre.
Na fábrica de motores em Piracicaba, no entanto, não haverá férias. A Volkswagen concederá férias em Taubaté a partir do dia 27, com manutenção na linha de produção até 5 de abril, para adequar a produção diante da instabilidade na cadeia de fornecimento de componentes. Cerca de 2.000 trabalhadores da fábrica ficarão em férias no período.
A Stellantis justificou a necessidade de pausar a produção em Goiana devido à instabilidade no fornecimento de componentes, alegação também usada pela GM para conceder férias em São José dos Campos. O problema, agravado pela pandemia desde 2020, tem levado a dezenas de pausas nas montadoras nos últimos dois anos, por meio de férias coletivas, lay-offs ou licenças remuneradas.
Porém, a situação do crédito no Brasil preocupa as empresas. Em março, a Anfavea destacou essa como uma limitação que preocupava o setor para o crescimento em 2023, juntamente com a oferta de suprimentos. O boletim mais recente da Anef mostrou que a inadimplência de pessoas físicas atingiu, em 2022, o maior índice dos últimos anos, chegando a 5,9%.
Esse dado refere-se a atrasos de pagamentos com mais de 90 dias. Em fevereiro, o estoque das montadoras chegou a 38 dias, um volume que a Anfavea classificou como não preocupante, mas destacou que as marcas têm feito campanhas para estimular as vendas. O custo elevado do crédito foi apontado como a principal barreira para compra de um carro, conforme mostrou o estudo Ipsos Drivers.
Foto: internet
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