Um estudo inédito conduzido pelo economista Bruno Carazza revelou que os supersalários, ou vencimentos que ultrapassam o teto constitucional de R$ 44 mil mensais, representaram um custo superior a R$ 11,1 bilhões aos cofres públicos em 2023.
Os dados foram compilados a partir de contracheques de servidores do Judiciário, Legislativo e Executivo e indicam que 42,5 mil pessoas recebem acima do teto estabelecido pela Constituição.
Quem Recebe os Supersalários?
O estudo aponta que 93% dos juízes e 91,5% dos membros do Ministério Público estão entre os maiores beneficiados.
No Executivo, apenas 0,14% dos servidores, incluindo civis e militares, ultrapassam o teto. Na Câmara dos Deputados, esse índice é de 0,7%.
Ainda assim, o Judiciário e o Ministério Público representam a maior fatia dos supersalários, concentrando cerca de 70% dos beneficiados.
O Peso dos “Penduricalhos”
Grande parte dos valores acima do teto é atribuída a benefícios extras, conhecidos como penduricalhos, que incluem indenizações por férias não gozadas, gratificações por acúmulo de funções, auxílio-alimentação, entre outros.
Em 2023, indenizações por férias consumiram R$ 1 bilhão no Judiciário e R$ 464,2 milhões no Ministério Público.
Gratificações por exercício cumulativo de funções custaram R$ 788,9 milhões ao Judiciário e R$ 508,7 milhões ao Ministério Público.
PEC e o Futuro dos Supersalários
A recente aprovação da PEC 31/2007, que permite a manutenção dos penduricalhos, abre espaço para que os supersalários continuem existindo.
PUBLICIDADE
A alteração facilita a exclusão de benefícios do limite remuneratório por meio de leis ordinárias, aumentando a probabilidade de novos gastos.
Além disso, o projeto de lei 2.721/2021, em tramitação no Senado, prevê 32 exceções ao teto remuneratório.
PUBLICIDADE
Caso aprovado, o impacto financeiro pode chegar a R$ 26,7 bilhões, considerando o efeito cascata gerado por servidores que buscarem equiparação salarial.
Impactos e Reflexões
Apesar de os supersalários serem privilégio de uma minoria, o peso no orçamento público é significativo.
PUBLICIDADE
Especialistas defendem maior transparência e reestruturação remuneratória no serviço público para reduzir desigualdades e aumentar a confiança da população nas instituições.
A questão dos supersalários segue como um dos grandes desafios fiscais e éticos para o Brasil, demandando atenção e ações mais incisivas para equilibrar as contas públicas e promover justiça salarial.
FOTO: INTERNET