Fabricante do Tylenol cai ~7% após governo Trump sugerir vínculo com autismo em uso na gravidez
Nesta segunda-feira (22 de setembro de 2025), as ações da Kenvue – fabricante do Tylenol (acetaminofeno/paracetamol) – despencaram cerca de 7% após o anúncio do governo Trump de um relatório que sugere uma possível associação entre o uso do medicamento por mulheres grávidas e maior risco de autismo em crianças.
O tema gerou forte polêmica entre autoridades de saúde, a indústria farmacêutica e especialistas em saúde pública.
Vamos destrinchar o que se sabe até agora, os riscos, quem está envolvido e o que isso significa para consumidores e para a fabricante.
O que exatamente foi anunciado
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O governo dos EUA, por meio do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) e do presidente Donald Trump, informou que o uso de acetaminofeno durante a gravidez “pode estar associado” a um risco aumentado de autismo. A recomendação inclui alertar médicos do potencial risco.
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A Kenvue negou que exista evidência conclusiva de que o uso do acetaminofeno cause autismo, alegando que estudos rigorosos até o momento não comprovaram causalidade.
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A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos EUA, iniciou o processo para alterar os rótulos de segurança (“labels”) do acetaminofeno, para incluir menção de possíveis riscos associados ao uso durante a gravidez.
Impacto para a empresa (Kenvue)
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Ações da Kenvue caíram cerca de 7% com a expectativa e anúncio oficial. Houve também uma recuperação parcial no pregão estendido (after-hours), mas a queda marcou uma perda significativa de valor momentâneo.
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O anúncio fez o mercado reagir com preocupação sobre possíveis processos judiciais ou ações regulatórias futuras que poderiam aumentar custos ou impor restrições às vendas.
O que dizem as evidências científicas até agora
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Há alguns estudos epidemiológicos que investigaram a associação entre uso de acetaminofeno durante a gestação e desordens do desenvolvimento neurológico, como autismo e TDAH. Porém, nenhum desses estudos comprovou causalidade — ou seja, não é certo que o remédio cause autismo.
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Também há estudos que não encontraram essa associação. Um exemplo é o estudo sueco com milhões de crianças que não encontrou vínculo consistente.
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A FDA está adotando o princípio de precaução: ajustando rótulos e comunicando médicos sobre evidencia sugestiva, mesmo que ainda não haja consenso científico.
Reações
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Da empresa (Kenvue): forte negação. A empresa afirma que acetaminofeno é seguro quando usado conforme orientação médica, nota estudos regulatórios que não identificaram risco direto.
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Da comunidade médica: cautela. Alguns profissionais dizem que causa alarme desnecessário se orientação for mal interpretada. Outros pedem por mais estudos, dados mais robustos, controle de variáveis (como condições de saúde subjacentes das mães, febres, uso prolongado etc.).
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Regulação: FDA já iniciou mudança de rótulos; alertas a médicos; recomendação para que gestantes evitem usar acetaminofeno quando não for necessário ou sem supervisão.
Possíveis consequências práticas
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Gestantes podem ficar mais cautelosas ou evitar o uso de Tylenol/acetaminofeno, mesmo em casos em que é recomendado (porque febre alta, por exemplo, pode trazer riscos). Isso pode gerar confusão ou substituição por remédios menos seguros se não houver orientação adequada.
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Pode haver queda nas vendas do Tylenol ou alternativas similares, dependendo da gravidade dos alertas e da resposta pública.
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Processos judiciais ou ações regulatórias possíveis no futuro, se alguém alegar que foi prejudicado pelo uso do medicamento.
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Mudança de percepção pública sobre remédios de venda livre (over-the-counter) — geral, alerta maior, exigindo que fabricantes e agências reguladoras comuniquem claramente os riscos e limites do conhecimento científico.
Limitações do que foi anunciado
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Associação ≠ causalidade: os anúncios reconhecem que não há prova definitiva de que o medicamento cause autismo; muitos fatores podem confundir os resultados (genética, saúde da mãe, exposição a outras substâncias, condições clínicas).
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Quantidade, dose, frequência, momento da gestação são variáveis críticas que não foram bem definidas no anúncio.
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Estudos anteriores que negam a associação também têm peso; as evidências contrárias são relevantes.
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Impacto de longo prazo desconhecido — como serão essas recomendações em prática, se haverá queda do uso em casos necessários, efeitos colaterais de substituir por outros remédios etc.
Recomendações práticas
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Gestantes devem consultar seu médico antes de usar Tylenol ou qualquer medicamento, ponderando benefícios e riscos.
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Evitar automedicação, principalmente com uso prolongado ou em doses elevadas.
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Preferir usar a menor dose eficaz, pelo menor tempo necessário, conforme orientação profissional.
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Acompanhar notícias oficiais e estudos revisados por pares confiáveis. Descartar pânico ou boatos; buscar fontes médicas, regulamentações oficiais.
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Profissionais de saúde devem comunicar claramente os limites do conhecimento atual, para que pacientes possam tomar decisões bem informadas.
Conclusão
A queda das ações da Kenvue após o anúncio do governo Trump ilustra o impacto que declarações políticas e regulatórias podem ter sobre empresas farmacêuticas — especialmente quando envolvem saúde pública e gestantes.
Embora haja estudo sugerindo associação entre acetaminofeno usado na gravidez e risco de autismo, a ciência ainda não confirmou causalidade.
Este episódio reforça a necessidade de transparência, rigor científico, cautela regulatória e comunicação clara.
Para consumidores, é um chamado para que não ignorem os alertas, mas também não entrem em pânico.
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