Pedidos de recuperação judicial de produtores rurais sobem com força — 565 solicitações até o 2º trimestre de 2025
O setor do agronegócio brasileiro enfrenta um momento crescente de fragilidade financeira.
Segundo dados da Serasa Experian, o número de pedidos de recuperação judicial por produtores rurais, empresas e outros agentes da cadeia agropecuária alcançou 565 solicitações no segundo trimestre de 2025.
Isso representa uma alta de 31,7% em relação ao mesmo período de 2024 (429 pedidos).
📊 Principais números, perfis e destaques
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Total de pedidos no 2º tri de 2025: 565.
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Aumento em relação ao 1º tri de 2025 (389 pedidos): cerca de 45,2%.
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Pela primeira vez desde o fim de 2023, os produtores rurais pessoa jurídica (PJ) superaram os de pessoa física (PF) em número de pedidos: 243 PJ vs. 220 PF.
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Do total de 243 pedidos de PJ, 192 foram de produtores de soja e 26 de pecuária bovina.
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Nas empresas do agronegócio (indústria, processamento, atacado), foram 102 pedidos no trimestre — também recorde.
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Os estados com maior concentração de pedidos: Goiás (94), Mato Grosso (73), Rio Grande do Sul (66), Minas Gerais (63) e Paraná (63).
🧭 O que está por trás desse cenário
Especialistas apontam uma combinação de fatores para explicar esse aumento expressivo de pedidos de recuperação judicial no agronegócio:
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Condições climáticas adversas: quebras de safra, perdas de produção e frustrações em planejamento de colheitas têm pressionado desde 2024.
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Custos de produção elevadíssimos: insumos como fertilizantes, defensivos, energia, transporte e câmbio desfavorável elevam o custo das lavouras.
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Juros elevados: o ambiente de crédito mais caro aumenta o custo de financiamento para produtores que dependem de capital de giro.
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Endividamento e inadimplência: segundo a Serasa, a ferramenta Agro Score identifica que produtores que solicitam recuperação judicial já exibem pontuação mais baixa antes dos pedidos.
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Mudança de perfil: o fato de produtores pessoa jurídica liderarem os pedidos indica que não são apenas pequenos produtores em crise — faz parte de uma pressão mais ampla no setor.
🎯 Impactos para o agronegócio e para o país
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A elevação dos pedidos de recuperação judicial sinaliza fragilidade crescente no setor agropecuário, que tradicionalmente é um pilar da economia brasileira.
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Essa fragilidade pode elevar o risco de crédito para bancos, financiadores agrícolas e investidores de commodities.
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A situação também afeta a cadeia de insumos, processamento e logística, já que empresas ligadas ao agro sofreram aumento de pedidos.
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Do ponto de vista macroeconômico, maiores dificuldades no campo podem impactar exportações, arrecadação, empregos e desempenho regional em estados fortes no agronegócio.
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Para os próprios produtores, o uso da recuperação judicial significa não só dificuldade financeira, mas também reestruturação profunda de dívidas, muitas vezes com mudança de propriedade ou renegociação pesada.
🧮 O que acompanhar daqui para frente
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Se a tendência de alta continuar nos trimestres seguintes ou se ocorrer uma estabilização.
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Como evoluirão os tempos médios de recuperação judicial, bem como as taxas de sucesso da recuperação.
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Qual será o impacto nos financiamentos agrícolas e custo de crédito para produtores, uma vez que há risco de maior precificação de risco.
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A evolução da produção agrícola global e nacional, especialmente de soja, milho e café — que têm forte peso nos pedidos de recuperação.
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A resposta de políticas públicas, mecanismos de apoio e seguro agrícola para mitigar riscos financeiros no campo.
✅ Conclusão
O aumento de pedidos de recuperação judicial no agronegócio brasileiro, com 565 solicitações no segundo trimestre de 2025 e crescimento de mais de 30% em 12 meses, reflete um cenário de pressão financeira real e crescente para produtores rurais e empresas do setor.
Embora o agronegócio continue sendo uma das forças da economia nacional, esse dado mostra que nem todos os elos estão em terreno firme — e que a dinâmica de custo, crédito e clima requer atenção.
Para analistas, credores e o próprio setor, o foco agora é em gestão de risco, inovação financeira e adaptação ao novo ciclo de desafios.
📍 Publicado em outubro de 2025 – Rede37 – Agronegócio & Economia
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