Fim do dólar? O que está realmente acontecendo — e por que isso pode ser (parcialmente) o que Trump quer
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O dólar segue dominante, mas vem perdendo espaço de forma gradual em reservas e em alguns fluxos de pagamentos.
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Países diversificam: mais uso de moedas locais, sistemas alternativos de pagamento e compras recordes de ouro por bancos centrais.
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Tarifas generalizadas dos EUA e sanções amplas aceleram a busca por alternativas ao dólar.
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Trump sinalizou preferência por um “dólar mais fraco” para indústria/exportações — ainda que o Tesouro mantenha, oficialmente, um “strong dollar policy”.
Onde o dólar está perdendo terreno (e onde não está)
Reservas internacionais
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A participação do dólar nas reservas alocadas caiu do pico de ~72% (2001) para ~58% no fim de 2024/começo de 2025 (variações trimestrais mínimas). O euro voltou a ~20%. Tendência é lenta, porém persistente.
Pagamentos globais (SWIFT)
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O renminbi (RMB) oscilou entre 3% e 3,5% do valor de pagamentos em 2025, mantendo-se 5º–6º lugar — avanço em relação a anos anteriores, mas ainda distante do dólar e do euro.
“Ouro como seguro”
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Bancos centrais compraram +244 t de ouro no 1º tri de 2025; a fatia do ouro nas reservas se aproxima de ~20% em alguns agregados, refletindo gestão de risco geopolítico e cambial.
Comércio e arranjos alternativos
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Mais liquidação em moedas locais (ex.: Brasil–China) e discussão de rails alternativos no âmbito dos BRICS; por ora, escala limitada, mas tendência está em construção.
Conclusão parcial: há desdolarização marginal e incremental, não um “colapso”. O próprio Federal Reserve descreve a dominância do dólar como ampla e resiliente, apesar da queda de participação em reservas.
Por que tarifas e sanções aceleram a diversificação
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O pacote de tarifas universais (baseline 10%), com sobretaxas por país, e a ampliação de sanções elevam o custo e o risco de operar no ecossistema dolarizado. Isso incentiva empresas e governos a testarem rotas alternativas (moedas locais, compensações bilaterais, ouro).
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A reação do chamado Sul Global tem sido coordenar mais (BRICS, acordos regionais), reduzindo a exposição ao dólar para mitigar risco de política comercial/financeira dos EUA.
“Dólar mais fraco” é objetivo — ou efeito colateral — de Trump?
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Declarações públicas: Trump disse em julho/2025 que se “ganha muito mais dinheiro com um dólar mais fraco” (não “fraco”, mas “mais fraco”), alinhando-se à ideia de impulsionar exportações e manufatura.
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Agenda comercial: a “America First Trade Policy” e o baseline tarifário de 10% visam reduzir déficit e relocalizar produção — políticas que tendem a preferir um câmbio menos valorizado para competitividade.
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Mas: o Tesouro reitera uma política de dólar forte, por sua função sistêmica e para ancorar confiança — mostrando tensão interna entre objetivos industriais e estabilidade financeira.
Leitura possível: mesmo que não haja um plano explícito para “derrubar o dólar”, a combinação de tarifas + retórica pró-indústria e o maior uso de medidas extraterritoriais favorece um ambiente em que parceiros diversificam — o que enfraquece gradualmente o papel relativo do dólar.
Riscos e oportunidades (para Brasil e emergentes)
Riscos
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Custo de financiamento: se a primazia do dólar cede, prêmios de risco e volatilidade podem aumentar no curto/médio prazo.
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Fragmentação de liquidez: múltiplos sistemas de pagamento e moedas reduzem eficiência e aumentam fricções de hedge e compliance.
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Reprecificação de termos de troca: tarifas dos EUA e retaliações reorientam fluxos (agrícolas, manufaturas), afetando câmbio e balanço comercial brasileiros.
Oportunidades
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Moedas locais e clearing: ampliar usos operacionais de BRL em cadeias regionais e acordos bilaterais (ex.: Ásia/África) reduz custo de transação atrelado ao USD.
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Gestão de reservas/tesouraria: mix mais diversificado (euro, ouro, ativos não correlacionados) para mitigar choques de política dos EUA.
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Posicionamento estratégico: o Brasil pode atuar como fornecedor alternativo em rotas desviadas por tarifas EUA–Ásia, desde que preserve competitividade logística e fiscal.
O que acompanhar nos próximos 12 meses
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COFER/IMF trimestral: direção da quota do dólar e do euro nas reservas.
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RMB via SWIFT: se o share ultrapassar sustentadamente 4–5%, sinal de ganho estrutural.
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Tarifas e exceções dos EUA: amplitude, setores e efeitos na cadeia de pagamentos.
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Sinalização oficial sobre câmbio (Casa Branca vs. Tesouro): persistência da ambiguidade é vetor de volatilidade.
Conclusão
Não há “fim do dólar” à vista — há erosão gradual da hegemonia, impulsionada por tarifas, sanções e diversificação.
Isso pode coincidir com os objetivos industriais de Trump (exportações e realocação produtiva), pois um dólar relativamente mais fraco favorece competitividade.
Porém, a conta inclui mais fragmentação, volatilidade e prêmios de risco globais.
Para países como o Brasil, a estratégia vencedora combina diversificação prudente, eficiência logística/fiscal e governança cambial para capturar oportunidades sem ficar refém de choques.
FOTO: INTERNET
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