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Energia solar setor corre contra o tempo para novos projetos

Energia solar setor corre contra o tempo para novos projetos

Taxa do fio a partir de 2023 e projeto no Congresso que prevê mercado livre para os consumidores geram corrida por projetos de geração fotovoltaica distribuída

A perspectiva de votação no Congresso Nacional de um projeto de lei que desregulamenta o setor elétrico e a cobrança da “taxa do fio” na geração solar fotovoltaica a partir do ano que vem estão promovendo uma correria das empresas para ampliar a capacidade ou entrar na geração de energia solar.

Na corrida pelo sol estão grandes distribuidoras de energia, empresas de comercialização no mercado livre e grandes consumidores, além de novos negócios, em busca de assegurar presença no mercado de geração solar fotovoltaica distribuída (usinas de até 5 MW), cuja capacidade instalada cresceu 70% em 12 meses e atingiu a marca histórica de 11,31 gigawatts (GW). Nas residências e pequenas empresas, a perspectiva de encarecimento da tarifa de energia elétrica e a inflação motivam a expansão de painéis instalados nos telhados.

As mudanças legais que estão movimentando o setor começaram no início deste ano, com a sanção da Lei 13.400, o marco legal da geração solar distribuída, que estabelece a cobrança da tarifa de uso do sistema de distribuição (Tusd) para os projetos instalados a partir de 2023, garantindo isenção até 2045 para os sistemas instalados até o fim deste ano.

Já o Projeto de Lei 414/2021, aprovado no Senado, deve ser votado na Câmara dos Deputados até o fim deste ano. A proposta prevê a portabilidade na conta de luz, ampliando o mercado livre para consumidores residenciais, e a modernização do marco regulatório do setor elétrico.

Apenas no primeiro semestre deste ano, a capacidade de geração dos sistemas distribuídos foi ampliada em 2,7 GW, saindo de 8,3 GW para a potência registrada agora (11,31 GW). Com a corrida dos investimentos, outros 6,2 GW serão instalados até o fim do ano quando, com investimentos totais de R$ 40,6 bilhões, elevando a capacidade de geração para 17,2 GW, o que vai representar um crescimento de 105% em relação ao patamar em dezembro de 2021, segundo números da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
 
E a corrida pelo sol é mais acelerada em Minas Gerais, que lidera a geração solar distribuída no país com potência instalada 1,84 GW e 16,2% de participação no mercado. E essa potência deve continuar crescendo, com o número de consumidores aumentando atraídos por descontos que variam de 15% a 20% na conta de luz. As duas maiores distribuidoras de energia no estado, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e a Energisa estão investindo pesado para diversificar a fonte de energia para os clientes. A Energisa criou a (re)energisa para atuar no mercado desregulado, incluindo a geração distribuída.
 
 
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Com 26 fazendas solares em Minas e uma no Rio, a (re)energisa está investindo R$ 1,1 bilhão este ano na instalação de 50 usinas e elevando a potência instalada para 230 megawatts (MW), mais do que dobrando o número de usinas (21) ao final de 2021. Hoje, a empresa opera na geração distribuída com capacidade instalada de 85 megawatts e uma carteira com 2 mil clientes, entre pequenos e médios negócios atraídos por um desconto de até 20% na conta de luz.
 
Em 2020, os negócios não regulados de energia contribuíram com 8% da receita do Grupo Energisa e a perspectiva, segundo Roberta Godoi, vice-presidente de soluções energéticas e líder da (re)energisa, é de que num futuro próximo os negócios no mercado não regulado superem os regulados no grupo. Ela avalia que há uma mudança em curso no setor elétrico pela qual “sai a visão do ativo para a visão do cliente e vai ter mais sucesso quem atender o cliente com produtos diversos e na geração distribuída há um mercado para serviços agregados”.
 
 
Essa perspectiva de avanço dos negócios não regulados sobre os serviços prestados por concessão levou a Cemig a criar, em 2019, a Cemig SIM, subsidiária para a área de geração distribuída. Com 22 usinas solares instaladas em Minas com capacidade para gerar 88MW e uma carteira de 6 mil clientes, a Cemig está investindo R$ 300 milhões este ano para expandir sua capacidade de geração e no fim do mês passado anunciou a compra de três usinas fotovoltaicas ligadas à FortlevSolar em Prudente de Morais, Jequitibá e em Montes Claros com potencial total de 16,21 MW. Com o aporte, que faz parte do programa de investimentos da ordem de R$ 1 bilhão até 2025, a Cemig SIM pode atender a mais 2.500 consumidores dos mercados de residências, comercial e industrial de baixa tensão.

Do mercado livre para a ‘distribuída’

A corrida para garantir usinas de geração distribuída sem encargos adicionais a partir de 2023, atraiu também comercializadoras de energia no mercado livre, que já responde por uma parcela de 30% de toda a energia vendida a grandes consumidores. A Esfera Energia e a Trinity Energias Renováveis são duas das companhias com atuação no mercado livre que chegam agora ao mercado de geração distribuída fotovoltaica. Com a compra da mineira Norten Energia, em agosto de 2021, a Esfera deu o primeiro passo para entrar no mercado de energia solar com a prestação de serviços. Com investimentos de R$ 25 milhões incentivados pela Esfera fazendas solares são adicionadas à carteira da empresa que lançou este ano um plano de assinatura de energia solar com desconto de 16% em relação à conta de luz.
 
O vice-presidente de Aquisições de Clientes e Transformação do Negócio da Esfera Energia, Guilherme Esperidião afirma que a meta da empresa é ter 200 mil clientes conectados às usinas solares de geração distribuída até 2025, com 8 mil clientes aderindo ao plano da empresa em Minas Gerais este ano. “A Esfera não constrói usinas, mas subcontrata a partir de uma seleção de projetos que fazem parte da nossa carteira e a partir dessa fonte é feito o rateio com os clientes. O consumidor é nosso cliente assim como os geradores”, explica Esperidião ao lembrar que é captada também a energia excedente gerada em telhados.
 
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Para Esperidião, o fato de a partir de 2023 os novos sistemas solares terem que pagar uma taxa pelo uso da rede das distribuidoras não vai desestimular investimentos na geração distribuída. “São projetos de 10 anos, 15 anos e nesse tempo vai haver evolução em termos de eficiência e o custo de geração tende a cair e com isso o cenário fica bem equilibrado, oferecendo uma oportunidade inclusive de mais desenvolvimento.” afirma o executivo da Esfera Energia. Para estimular a adesão dos consumidores, a empresa ofereceu desconto de 20% em junho, primeiro mês de operação do plano de assinatura que pode ser contratado no site da Esfera.
 
Com a proposta de investir na geração própria de energia fotovoltaica distribuída, Trinity Energias Renováveis fez um aporte de R$ 28 milhões na instalação de duas fazendas solares em Minas Gerais, com capacidade de 3,2 MW cada, totalizando 6,4 MW de potência instalada. As usinas, instaladas em Bom Sucesso, no Sul do estado, estão em fase final de obras e terão capacidade de fornecer energia a 3 mil residências, até o final deste ano. Com contrato por adesão, a Trinity concede desconto de 15% na conta de luz dos seus clientes.
 
A empresa, que iniciou suas operações em 2012 no mercado livre de energia com consultoria para consumidores, geradores para comercialização de energia, está agora investindo na geração distribuída. “O plano estratégico da empresa, ainda em fase de análise de viabilidade, é atingir a geração de 100 MW até 2025, com fazendas solares em Minas, São Paulo e Rio de Janeiro”, informa o CEO da Trinity, João Sanches. A meta da empresa é ter mil clientes (consumidores/geradores) em carteira no prazo de três anos.
 
 
 

Energia limpa é atrativo

Além da possibilidade de reduzir os custos com a conta da energia elétrica, a disseminação e adoção dos conceitos ESG pelas empresas brasileiras está aumentando os investimentos em geração distribuída. Nessa corrida, a Arcos Dourados, responsável pela operação do McDonald’s, inaugurou, em parceria com a EDP, três usinas solares com capacidade para gerar 11.720 Mwh/ano e que atenderão a demanda de 28 restaurantes e sete quiosques de sobremesa da rede.
 
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As usinas, que demandaram investimentos de R$ 28,3 milhões estão, uma em Cotia (SP) e duas em Rio Paranaíba (MG) e vão fornecer energia para o MCDonald’s por 12 anos. As usinas evitarão a emissão de 725 toneladas de CO2 anualmente. Já a startup mineira Finehra Energia decidiu unir a corrida por investimentos na geração com a demanda de empresas pela redução da emissão de CO2. A empresa capta pequenos geradores que antes compensavam as sobras com crédito junto as concessionárias e agora vendem essa energia e criou o tíquete verde, oferecido a grandes empresas que divulga o plano de assinatura da Finehra para os funcionários, que tem a opção de reduzir o custo da conta de energia. 
 
“Não tem custo nenhum para a empresa que tem um selo verde e contabiliza a redução de emissão de CO2”, explica Érika Garcia, CEO da estartup criada em 2020. Hoje, a Finehra tem 100 sistemas solares na sua plataforma, com capacidade para gerar 15 MW e a meta é chegar ao fim do ano com potência de 25 MW e um universo de 12 mil funcionários de empresa beneficiados pelo tíquete verde. 
 
FONTE: EM
FOTO: INTERNET
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