Defasagem da Gasolina e Diesel Acende Alerta para Inflação no Brasil
A defasagem nos preços dos combustíveis vendidos pela Petrobras em relação ao mercado internacional tem gerado preocupação, com impactos potenciais sobre a inflação nos próximos meses.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), na última sexta-feira (17), o diesel apresentava uma defasagem média de 22%, enquanto a gasolina estava 13% abaixo dos preços praticados no Golfo do México.
Contexto Internacional e Aumento do Petróleo
O aumento no preço do petróleo no mercado internacional, intensificado por um novo pacote de sanções contra o setor energético russo, é um dos principais fatores que pressionam os preços internos.
Segundo Isabela Garcia, analista da StoneX, as sanções dificultam a negociação de produtos russos e aumentam os riscos no comércio global.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), por sua vez, tem restringido a oferta, agravando o cenário de desequilíbrio entre oferta e demanda.
Impacto nos Combustíveis no Brasil
A Petrobras não reajusta o preço do diesel há 383 dias e da gasolina há 188 dias.
Apesar disso, o óleo diesel continua sendo vendido 11% abaixo do mercado internacional mesmo em refinarias privadas, como a de Mataripe.
Especialistas apontam que a defasagem elevada pressiona não apenas importadores, mas também produtores de etanol, que perdem competitividade nos postos.
Segundo Sérgio Rodrigues, presidente da Abicom, a Petrobras poderia reduzir a defasagem sem comprometer a lucratividade.
Risco para a Inflação
O economista André Braz, da Fundação Getulio Vargas (FGV), alerta que é difícil evitar reajustes nos combustíveis por muito tempo, o que poderia impactar a inflação de janeiro e fevereiro de 2025.
A gasolina, que representa cerca de 5% do orçamento familiar, é particularmente sensível.
Braz estima que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode recuar para 0,2% em janeiro, mas subir acima de 1% em fevereiro devido a pressões acumuladas, como aumentos em transporte público, mensalidades escolares e IPVA.
Perspectivas para o Mercado
No curto prazo, o comportamento do câmbio e as sanções internacionais devem continuar influenciando os preços.
A dificuldade em acessar o petróleo russo pode levar países como China e Índia a buscar novos fornecedores, ampliando a competição no mercado global.
Petrobras e Expectativas
Apesar das pressões, a Petrobras segue sem anunciar um reajuste, mantendo a política de preços abaixo do mercado internacional.
A presidente da estatal, Magda Chambriard, afirmou que os preços “abrasileirados” ainda garantem lucratividade.
Contudo, com o barril do petróleo acima dos US$ 80, analistas acreditam que será inevitável um aumento nos próximos meses.
Conclusão
A defasagem nos preços da gasolina e do diesel é um reflexo das tensões globais e das políticas locais de precificação.
Embora medidas para reduzir a discrepância sejam esperadas, o impacto direto será sentido na inflação e no orçamento familiar, com destaque para os combustíveis como um dos principais vilões do custo de vida em 2025.
FOTO: INTERNET
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