Câmara nega abaixo-assinado em Divinópolis responsabiliza vereadora por fechamento do comércio
Documento contra Lohanna França tem montagem com imagem de foice e martelo em vermelho, um dos ícones que identificam o movimento comunista. Vereadora se defendeu das acusações; atualmente, apenas o Conselho Municipal de Saúde foi quem protocolou notificação por causa de decreto que flexibiliza atividades.
Na última sexta-feira (16), a Câmara de Divinópolis divulgou uma nota em que afirmava que as restrições impostas ao comércio de Divinópolis, por meio de decisão da Justiça, não é resultado de pedidos ou ações de vereadores. A informação foi publicada depois da circulação de um abaixo-assinado pedindo a cassação da vereadora Lohanna França (CDN). De acordo com o responsável pelo documento virtual, a vereadora teve “atitudes contra o comércio da cidade”, o que foi negado pelo Legislativo.
O G1 entrou em contato com a vereadora para falar sobre o assunto, e ela enviou uma nota. (Veja abaixo a íntegra). A reportagem também procurou a pessoa responsável pelo abaixo-assinado, mas não conseguiu obter contato para que se posicionasse perante a questão. A Prefeitura de Divinópolis também se manifestou; confira abaixo.
Lohanna França (Cidadania) integra a Comissão de Saúde, Meio Ambiente e Ciência da Câmara Municipal de Divinópolis, que conta ainda com outros vereadores: Zé Braz (PV) e Israel da Farmácia (PDT). Os membros são responsáveis por acompanhar e fiscalizar a situação da saúde na cidade, e chegaram a ir até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Padre Roberto no último dia 22 de março e se reuniram com a vice-prefeita Janete Aparecida (PSC). Os parlamentares também já fizeram visita aos leitos públicos do Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD) , onde constataram que as unidades têm operado com superlotação.
Além da Comissão da Câmara, a cidade conta ainda com um Conselho Municipal de Saúde, que protocolou no dia 7 de abril uma notificação no Ministério Público (MP) contra o prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo (PSC), a vice-prefeita Janete Aparecida (PSC) e o secretário de Saúde, Alan Rodrigo, por causa do novo decreto que flexibiliza atividades proibidas na Onda Roxa do programa “Minas Consciente”.
Segundo a Câmara, portanto, a denúncia feita ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) atribuída à vereadora é equivocada, pois na verdade o que houve foi uma denúncia feita pelo Conselho Municipal de Saúde, órgão independente do Poder Legislativo.
O Conselho Municipal, “entre outras atribuições, tem o objetivo de atuar na formulação e proposição de estratégias e no controle da execução da política municipal de saúde”.
Abaixo-Assinado
O abaixo-assinado conta a vereadora, que circula virtualmente, tem uma montagem com a foto da vereadora com uma simulação de fita sobre a boca da parlamentar. A imagem também tem a imagem da foice e do martelo em vermelho, um dos ícones que identificam o movimento comunista.
O documento, que até o fim da manhã desta segunda-feira (19) tinha mais de 3.200 assinaturas tem como justificativa as supostas atitudes contra o comércio da cidade. Segundo a pessoa responsável pelo abaixo-assinado, uma peça oficial está em fase de elaboração por advogados para protocolo de pedido de impeachment. Sobre isso, o G1 procurou a Câmara, que disse:
“A Câmara não se pronunciará sobre fato hipotéticos. Qualquer documento para ter validade, deve sim ser protocolado na Câmara Municipal, para ser analisado e colocado em discussão entre os parlamentares. Não há no regimento nenhuma cláusula que abra prerrogativa para processo de cassação popular sem que o documento seja embasado e protocolado na Casa”.
Nota da Câmara
Após ciência do abaixo-assinado, a Câmara emitiu uma nota na sexta-feira (16), em que reforçou que a decisão da Vara da Fazenda Pública e Autarquias atende a uma Ação Civil Pública proposta pelo Estado de Minas Gerais contra o município por meio da Advocacia Geral do Estado (AGE).
Confira a nota na íntegra:
“Segundo a Câmara, nos últimos dias, circulou em grupos de aplicativos de celular e outras redes sociais uma imagem inverídica, que colocava a vereadora Lohanna França (CDN) como responsável pelo fechamento do comércio de Divinópolis.
A Câmara Municipal, por meio de sua Mesa Diretora, esclarece que não houve, em momento algum, nenhuma movimentação de qualquer vereador para que o comércio da cidade fosse prejudicado. A vereadora em questão não apresentou nenhuma denúncia ao Ministério Público, assim como nenhum outro parlamentar da Casa Legislativa.
A Mesa Diretora esclarece ainda que tal denúncia, utilizada para acusar de maneira errônea a vereadora, partiu exclusivamente do Conselho Municipal de Saúde, órgão completamente independente do Poder Legislativo.
Paralelo a isso, as medidas restritivas adotadas na quinta-feira (15) pelo Executivo Municipal foram determinadas, por meio de ação judicial, pela Advocacia Geral do Estado (AGE), representando o Governo do Estado, sobrepondo-se, desta maneira, a qualquer decreto de ordem municipal.
A Câmara Municipal se solidariza com a vereadora, que foi vítima de informações infundadas, e reforça seu compromisso para que, dentro do tange às atuações legislativas, nenhum divinopolitano seja prejudicado”.
Notificação do Conselho
De acordo com a notificação do Conselho, a situação da pandemia na cidade poderia ser agravada diante das novas deliberações e que a Administração Municipal estava sendo omissa apresentando “condutas administrativas que seguem na contramão do que deveria se esperar”.
Com o decreto, segundo a notificação, a Prefeitura desconsiderou os serviços considerados essenciais e autorizou a abertura de atividades proibidas na Onda Roxa, configurando descumprimento do protocolo.
“Peças urdidas com o mais legítimo ‘jeitinho brasileiro’, o decreto e a regulamentação simulam acatar os ditames estaduais quando, de fato, escancaram flexibilizações de funcionamento de atividades e serviços estranhas à normatização estadual”, diz a notificação.
Comércio fechado
A Justiça concedeu a liminar no dia 14 de abril. O documento determinou que as atividades não essenciais fossem proibidas e que o município siga o protocolo estadual do “Minas Consciente” para a Onda Roxa. A não observância da decisão acarretaria na aplicação de multa no valor de R$ 50 mil.
Prefeitura diz que não comunga com ataques
Após o ocorrido, a Prefeitura também emitiu uma nota sobre o assunto. Leia a íntegra abaixo:
“O Município de Divinópolis vem a público esclarecer que não comunga com os ataques e fakes news sofridos pela vereadora Lohanna França, por Warlon Carlos Elias, presidente do Conselho Municipal de saúde e pela candidata à prefeita nas últimas eleições, Laís Soares.
É importante ressaltar que as manifestações que ferem o princípio da legalidade e a democracia não estão de acordo com os ideais da atual gestão.
Esclarecemos que foi uma decisão liminar, em ação impetrada pelo Estado de Minas Gerais, que ficou determinada a suspensão do decreto e da Nota Explicativa que flexibilizava a Onda Roxa na cidade de Divinópolis.
Deixamos claro que o princípio da transparência e publicidade serão sempre as primícias desse governo”.
Posicionamento de Vereadora
Por fim, a reportagem procurou a vereadora, que também emitiu nota. Confira a íntegra:
“No dia 23 de março, quando defendi o fechamento da cidade, Divinópolis estava em uma crescente de casos de COVID. Dois dias depois, chegamos 100% de ocupação hospitalar. Na UPA, 300%. Sempre defendi as vidas em primeiro lugar. Entendo que foi acertado e faria tudo novamente.
Divinópolis está em Onda Roxa e o Governador Zema exigiu legalmente, através da Advocacia Geral do Estado, que o Prefeito siga as determinações de Minas Gerais: em outras palavras, obrigou o fechamento da cidade. Assim como está acontecendo em BH, Brasil e Europa. Essa é uma crise global. A partir disso, candidatos derrotados recortaram meu posicionamento de 23 de março e compartilharam como se fosse hoje, dizendo às pessoas que mandei fechar a cidade. Os mentirosos sabem muito bem que, como vereadora, não cabe a mim a decisão de fechar a cidade. Eu sempre defendi a saúde, ao lado da economia, assim como o comercio e os trabalhadores. E justamente por isso, sei que a economia não fica de pé com recordes diários de mortes como os que estávamos enfrentando. Dizer isso é duro, e quem joga pra galera corre desse discurso. É inadmissível as pessoas serem amarradas em macas por falta de sedativo. É inadmissível as pessoas morrerem por falta de leitos. É inadmissível que covardes ataquem aqueles que defendem a saúde das pessoas. É um absurdo o que está acontecendo em Divinópolis e no Brasil. Nos como políticos estamos expostos a criticas, lido bem com isso. Mas aqueles que me ameaçam e atacam com calunias serão processados e espero que presos.
Minha equipe e várias autoridades tem acompanhado as mentiras que circulam. Que o Município ganha 18 mil por morto, que remédios não comprovados tratam COVID, que frequentei aglomerações durante o fechamento da cidade. Ignorância e mentira continuam matando mais que pandemias. Espero que possamos nos recuperar logo e que sejamos vacinados o quanto antes. Continuo trabalhando incansavelmente por Divinópolis e pela saúde da população”.
FONTE: G1/Mariana Gonçalves
FOTO: Câmara de Divinópolis/Divulgação
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