Poupança registra seu maior ganho real desde 2017, mas continua abaixo da taxa Selic.
A poupança teve um desempenho positivo em maio, registrando o maior ganho real desde outubro de 2017, graças à desaceleração da inflação nos últimos meses.
De acordo com dados de Einar Rivero, da plataforma TradeMap, a poupança apresentou um rendimento de 4,40% acima da inflação em um período de 12 meses encerrado em maio de 2023. Esse foi o maior retorno real desde outubro de 2017, quando o acumulado foi de 4,44%.
Entre setembro de 2020 e agosto de 2022, a poupança apresentou um retorno real negativo devido ao aumento dos índices de preços causado pela retomada das atividades após a fase mais crítica da pandemia de Covid-19, além dos estímulos fiscais e monetários promovidos pelo governo.
No entanto, a partir de setembro do ano passado, a poupança voltou a apresentar um retorno real positivo, acompanhando a desaceleração da pressão inflacionária. Com a estabilização dos preços das passagens aéreas, da gasolina e dos alimentos, o índice oficial de inflação do Brasil desacelerou para 0,23% em maio, a menor variação do IPCA para o mês desde 2020 (-0,38%), quando o início da pandemia paralisou as atividades econômicas.
No acumulado de 12 meses até maio, o índice atingiu 3,94%, o menor nível desde outubro de 2020 (3,92%). Apesar do crescimento do ganho real, especialistas de mercado continuam considerando a poupança como uma opção de investimento desfavorável, especialmente quando comparada ao rendimento da Selic, que está em 13,75%.
Paloma Brum, analista da Toro Investimentos, não recomenda a alocação em poupança, pois ela oferece rendimentos inferiores a ativos atrelados à Selic e ao CDI, e essa tendência deve se manter por um bom tempo.
Fernando Siqueira, chefe da área de pesquisas da Guide Investimentos, acrescenta que muitas pessoas mantêm dinheiro na poupança devido à facilidade de saque a qualquer momento e ao baixo risco. No entanto, ele destaca que existem opções mais rentáveis com características semelhantes, como os Certificados de Depósito Bancário (CDBs).
Segundo João Daronco, analista da Suno Research, vários bancos já oferecem contas digitais que rendem 100% do CDI, um valor muito superior aos juros pagos pela poupança.
Dados recentes do Banco Central mostram que, em 2019, aproximadamente 164 milhões de pessoas ainda mantinham recursos na poupança.
No entanto, nos últimos meses, tem havido um aumento nos saques da poupança devido ao cenário de juros elevados, o que reduz a competitividade dessa opção de investimento em relação a outras alternativas.
A remuneração da poupança é de 0,5% ao mês sempre que a taxa Selic estiver acima de 8,5% ao ano, mais a TR (Taxa Referencial), que fica em torno de 2,2% em 12 meses, resultando em uma rentabilidade bruta de aproximadamente 8,5% ao ano. Quando a taxa básica de juros é igual ou inferior a 8,5%, o rendimento da poupança corresponde a 70% da Selic mais a TR.
Em maio de 2023, a poupança registrou resgates líquidos pelo quinto mês consecutivo, ou seja, foram realizados mais saques do que depósitos na caderneta. No mês passado, houve um saque líquido de R$ 11,747 bilhões, após uma perda líquida de R$ 6,252 bilhões em abril.
Em maio do ano passado, foram feitos depósitos líquidos de R$ 3,515 bilhões, mas o ano de 2022 terminou com um total acumulado de resgates recorde de R$ 103,237 bilhões, sendo o segundo ano consecutivo de perdas na aplicação.
No acumulado do ano até maio, a poupança acumula saques no valor de R$ 69,232 bilhões.
Foto: internet
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