“Presidente do Bradesco prevê continuidade do aumento da inadimplência nos próximos meses”
O Bradesco surpreendeu o mercado com um lucro de R$ 4,3 bilhões no primeiro trimestre, mas enfrentará desafios nos próximos meses. Segundo o presidente do banco, Octavio de Lazari Junior, o desempenho do segundo trimestre ainda será pressionado, principalmente devido às provisões para devedores duvidosos (PDD). No entanto, ele espera uma melhora estrutural ao longo da segunda metade do ano.
No primeiro trimestre, as provisões para devedores duvidosos totalizaram R$ 9,517 bilhões, um aumento de 96,8% em relação ao ano anterior, mas uma queda de 36% em comparação com o trimestre anterior. Essa queda se deve principalmente ao fato de que no último trimestre de 2022 as provisões haviam aumentado mais de 100% devido aos problemas envolvendo a Americanas.
Lazari Junior afirmou que o lucro foi impactado positivamente pela falta de necessidade de novas provisões relacionadas à Americanas, embora as provisões em geral continuem em níveis relativamente altos.
O presidente do banco também expressou a expectativa de que um acordo seja alcançado até junho entre o grupo de credores e a varejista em relação às dívidas em aberto de R$ 42,5 bilhões. Ele reconheceu que tal acordo pode não ser o ideal para todos, mas espera que seja algo razoável.
Lazari Junior previu que a taxa de inadimplência continuará aumentando no segundo trimestre, mas espera que atinja o pico em breve. A inadimplência está concentrada principalmente entre pessoas físicas e micro e pequenas empresas, setores que tendem a sofrer mais em cenários de inflação persistente e juros altos.
Em relação à carteira de crédito, o executivo afirmou que o resultado do primeiro trimestre refletiu uma postura mais cautelosa na concessão de crédito, com foco em linhas mais conservadoras. A carteira de crédito do Bradesco teve um crescimento anual de 5,4%, alcançando R$ 879,28 bilhões em março, mas apresentou um recuo de 1,4% em comparação trimestral. O resultado ficou abaixo do guidance divulgado pelo banco para o ano de 2023, que previa uma expansão entre 6,5% e 9,5%.
O retorno anualizado sobre o patrimônio (ROAE) do banco atingiu 10,6% no primeiro trimestre, em comparação com 18% no ano anterior e 3,9% no último trimestre de 2022.
Apesar de ter superado as expectativas, os analistas consideraram os resultados do Bradesco fracos e abaixo dos concorrentes.
Eles destacaram o avanço da inadimplência e a necessidade de disciplina na concessão de crédito. Alguns analistas preferem outras opções no setor bancário, como Itaú e Banco do Brasil, que tiveram um desempenho superior no ciclo de crédito atual.
Foto: internet
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