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Neymar é culpado por suas contusões? Especialistas opinam

A maioria deles, no entanto, não nega que a qualidade e o estilo do jogador em campo contribuem para que ele seja caçado por rivais

Até quando se contunde Neymar vira polêmica na França. Não é de hoje que os jornais locais não demonstram muita simpatia pelo estilo do jogador, muitas vezes até sem reconhecer algumas de suas boas atuações.

Também é inegável o clima hostil de alguns adversários em relação a ele, assim como a conivencia de árbitros que não coibem a violência. A causa de tudo isso é discutível. Até que ponto o estilo de Neymar contribui para isso é algo subjetivo. O que é concreto, porém, além da qualidade em campo, têm sido as contusões do jogador, de 29 anos.

Somadas, em outubro último, elas já ultrapassavam o total de um ano fora de campo. A mais recente ocorreu na partida contra o Caen, pela Copa da França, na última quarta-feira (10).

Neymar vinha desequilibrando o jogo e, aos 11 do segundo tempo, recebeu entrada violenta de Steeve Yago. Lesionou a coxa e ficará fora por quatro semanas, perdendo a primeira partida das oitavas da Champions contra o Barcelona, no dia 16.

Os lamentos, porém, ficaram restritos ao PSG. Uma avalanche de críticas, inclusive culpando o jogador por sua sina se multiplicou na França. Até o técnico adversário o chamou de “chorão”.

O jornal Le Parisien até trouxe uma ácida opinião do fisiologista Jean-Bernard Fabre que se encaixou à onda de críticas e atribuiu ao próprio Neymar a responsabilidade pelas lesões.

“O que faz a diferença entre ele e os outros, como Messi e Cristiano Ronaldo, é que ambos nunca se machucam. Existem aqueles que progridem ano a ano, capazes de gerenciar esforços com inteligência e se preparar corretamente, tendo compreendido que o corpo é seu instrumento de trabalho. O problema de Neymar é sua falta de disciplina em relação a uma vida saudável”, observou o profissional, referindo-se às seguidas festas noturnas que o jogador estaria frequentando.

Para o preparador físico Carlito Macedo, esse tipo de opinião acaba distorcendo uma realidade do futebol que, hoje em dia, não tem merecido o devido destaque por parte da mesma imprensa francesa. Neymar, ressalta ele, tem um estafe de profissionais de qualidade e é caçado em campo de maneira implacável.

“Em primeiro lugar, estamos em uma temporada atípica, com toda a preparação modificada. Mesmo assim, é fato que Neymar está sendo muito caçado em campo, essa série de contusões basicamente é fruto disso. Não sei porque pessoas o odeiam lá na França. Sua vida extra-campo não é o que tem atrapalhado de forma determinante. Ele tem uma equipe excelente de preparadores, com o Ricardo Rosa, que o monitora e orienta diariamente”, diz o preparador, que já atuou em clubes como o Flamengo, Fluminense, Santos e em países como a Turquia, o Japão e a China.

Macedo admite, no entanto, que o estilo de Neymar, de prender a bola, pode incomodar os adversários e, com a idade chegando, ele terá de repensar isso.

“Ele terá de mudar esse estilo de segurar a bola. Precisará adaptar e soltá-la mais rápido, para não ser atingido”, analisa.

Diferenças com Cristiano Ronaldo e Messi

Ele também discorda do fisiologista francês que comparou Neymar a Messi e Cristiano Ronaldo.

“Não se pode comparar situações, organismos e reações diferentes. Cristiano Ronaldo é privilegiado fisicamente, algo fora do comum. É um caso à parte em relação à condição física. Tecnicamente, não é tão hábil como Neymar, mas seu físico é o seu diferencial. Não que Neymar não tenha preparo, mas seu organismo não tem a mesma estrutura do de Cristiano. Já Messi se contunde menos porque seu estilo de jogo é diferente. Ele não prende a bola, sai mais em velocidade, busca as tabelas, sofre menos choque com os adversários”, explica.

Isso não quer dizer que, na opinão de Macedo, qualquer exagero fora de campo não possa atrapalhar.

“Claro que, com o tempo, as saídas à noite acabam interferindo. Quando se é mais jovem, a recuperação é mais rápida. Mas no caso do Neymar, o que mais pesa são mesmo as entradas duras e a marcação forte”, observa.

Desgaste físico

Para o fisiologista  Rinaldo Dantas Queiroz, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), seria leviano relacionar a questão da vida de Neymar fora de campo às suas contusões. Principalmente porque, segundo ele, o futebol de hoje se difere do de antigamente.

“Há alguns anos, o jogador até poderia desrespeitar algumas regras da preparação. Primeiro porque não havia tantas informações precisas, do ponto de vista científico, da fisiologia. Depois porque as informações hoje correm muito mais rápido, com celulares, redes sociais e tudo mais. Tudo é monitorado, ainda mais em um clube de ponta como o PSG. Qualquer saída fora da linha chega ao conhecimento do clube. Se houvesse prejuízos neste sentido, isso seria coibido”.

Queiroz considera que o excesso de jogos e a qualidade técnica de Neymar acabam sendo fatores que o tornam um alvo mais vulnerável.

“Em relação ao Palmeiras, por exemplo, a derrota no Mundial Interclubes pode claramente ter relação com o excesso de jogos. Não foi descaso dos jogadores, falta de preparo, soberba ou excesso na noite. Neymar também tem passado por um excesso de jogos, em uma situação na qual ele é sempre o mais exigido. Desta forma fica difícil não se contundir, ainda mais com sua qualidade técnica”, completa.

Já o fisiologista Gerson Leite, que foi membro da seleção brasileira de natação na Olimpíada de 2012, admite que algum possível excesso de Neymar pode o estar prejudicando. E usa um artigo do especialista Matthew J. Barnes para explicar sua tese.

“Ele (Neymar) sempre é notícia por estar em festas e provavelmente consumindo álcool e dormindo pouco. Esta rotina boemia não permite alta performance para um atleta profissional que treina com altas cargas, pois o álcool e a falta de sono prejudicam muito a adaptação biológica aos treinamentos, deixando o atleta ‘menos treinado’. Fisiologicamente falando, esta restrição de sono e consumo rotineiro de álcool aumenta o hormônio cortisol e diminui a testosterona e GH, causando prejuízo na recuperação muscular, por exemplo. A longo prazo isto pode se refletir em lesões, que pode ser o caso dele”, ponderou.

Fonte: Colunista  Eugenio Goussinsky, do R7

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