Em jogo de pouca inspiração no Maracanã, Fluminense e Atlético-MG empataram sem gols. Em um confronto direto na disputa por vaga na Libertadores, as duas equipes decepcionaram, quase não finalizaram e deram fim melancólico à 35ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Com o empate, as duas equipes desperdiçaram boas chances de pressionar seus adversários na tabela. O Galo segue na terceira posição, com 61 pontos, enquanto o Tricolor se manteve na quinta colocação, com 57.
Quem foi mal no jogo: Allan e Lucca
Apesar de o Atlético-MG entrincheirar o Fluminense faltou contundência para o meio-campo alvinegro. Uma das peças que não rendeu o esperado mais uma vez foi Allan. O volante, como cobra Sampaoli, é um dos atletas que inicia a transição defesa-ataque, mas não fez bem esse papel contra seu ex-clube.
Muito também pela forte marcação do Tricolor, armado por Marcão para amarrar as investidas ofensivas do Galo. Já no Flu, Lucca foi o pior em campo. Mesmo com toda a entrega e disposição na parte tática, o camisa 7 mais uma vez entregou muito pouco no ataque, errou a maioria das jogadas e irritou os companheiros até deixar o campo aos 25 do segundo tempo.
Quem foi bem: Martinelli e Junior Alonso
O Fluminense teve em Martinelli seu grande destaque no jogo. O jovem de 19 anos, mais uma vez, parecia um veterano em campo, com grande leitura das jogadas e posicionamento perfeito em campo. Não à toa, interceptou seis bolas e desarmou outras quatro, sendo o melhor da partida no Maracanã. Já no Galo, o xerife Júnior Alonso mostrou mais uma vez sua liderança e qualidade. Além do papel defensivo, por diversos momentos o paraguaio apareceu na ponta esquerda, bem adiantado, auxiliando o setor de ataque do Galo. Fazer essa função não é surpresa para Alonso, que na seleção do Paraguai joga com a camisa 6 e atua mais avançado pela esquerda.
Atlético retém a bola, mas erra muito
Apesar de jogar fora de casa, o Atlético-MG se portava como sempre: com a bola nos pés, três jogadores na saída de bola, laterais espetados nas pontas e muita movimentação na frente. O problema é que, errando muitos passes, o time não conseguia construir as jogadas. Hyoran, sumido do jogo, era pouco acionado por Allan e Alan Franco, que não estiveram bem na criação.
Reativo, Flu incomoda nos contra-ataques
Sabendo que o adversário estaria com a bola, o Flu tratou de tornar a posse um problema para o Galo. Reativo, o time se postou para sair nos contra-ataques e contou com ótimo primeiro tempo de Martinelli e Yago para roubar muitas bolas no meio de campo. Não fosse a falta de capricho, o Tricolor poderia ter melhor sorte. A pressão no campo de ataque também funcionou e afastou o Atlético-MG apesar de suas linhas altas, por vezes com a defesa à frente da linha de meio. A melhor chance foi aos 31, quando Lucca driblou Guga e cruzou com perigo para corte de Éverson.
Flu segura Galo, que não chuta no gol no 1º tempo
A forte marcação do Fluminense fez com que as subidas dos mineiros acontecessem apenas em esticadas para a frente, onde Savarino, Vargas e Sasha tentavam, mas levavam a pior contra os defensores. Não à toa, foram apenas três finalizações no primeiro tempo, e nenhuma delas no gol. A melhor chance veio com Vargas aos 46 minutos, no último lance do jogo. O chileno recebeu na área e girou já finalizando, mas pegou mal na bola e mandou para longe.
Sampaoli vai à loucura com erros
O argentino Jorge Sampaoli não fugiu do seu estilo na área técnica. Elétrico, ele caminhava para todos os lados desde o primeiro minuto de jogo e reclamava dos excessivos erros do Atlético na saída de bola, principalmente no meio de campo. Em dado momento, andou tanto após um passe errado de Allan que precisou ser contido pela quarta árbitra Rejane Caetano da Silva.
Fred deixa o campo com dores na coxa
No último lance da primeira etapa, Fred disputou bola com Alan Franco e levou a pior. O atacante levou sua mão ao músculo adutor da coxa direita na hora e saiu de campo mancando. Apesar de não parecer nada grave, o camisa 9 nem sequer voltou do intervalo e deu lugar ao jovem John Kennedy no Fluminense.
Jogo cai de nível no 2º tempo
Após um início até animador, a partida caiu de vez de nível no segundo tempo. Com muitos erros de passe e um Atlético que segurava a bola mas agredia pouco, o jogo não se desenvolvia, principalmente pela falta de finalizações. Pelo lado dos mineiros, Arana era o homem mais perigoso, principalmente quando adiantado para a ponta. Já os cariocas tinham em John Kennedy boa alternativa, mas o jovem de 18 anos deixou de finalizar nas duas chances que teve, preferindo cavar um pênalti e um passe mascado.
Nenê x Sampaoli
O meia do Fluminense disputava bola na lateral do campo, próximo ao banco do Atlético-MG, onde o técnico Sampaoli gesticulava e gritava demais, como faz costumeiramente. Nesse momento, quando o relógio marcava 10 minutos do segundo tempo, o treinador alvinegro e o meio-campista do Tricolor discutiram. Nenê chegou a pedir para o argentino calar a boca. O árbitro Luiz Flávio de Oliveira chamou a atenção do jogador do Flu.
Melhores chances no fim
No jogo de pouca inspiração, as melhores chances ficaram para o fim. Aos 46, Guilherme Arana abriu para o meio e mandou um foguete que obrigou Marcos Felipe a fazer grande defesa e evitar o gol do Galo. Dois minutos depois, Diego Tardelli errou e o Flu quase aproveitou para mexer no placar. Caio Paulista achou Fernando Pacheco, mas o peruano, sozinho, bateu em cima de Éverson na linha da pequena área. Aos 52, no último lance da partida, Michel Araújo soltou uma bomba de fora da área e obrigou o goleiro atleticano a fazer grande defesa.
Flu faz homenagens importantes
O Fluminense entrou em campo com três homenagens importantes. O zagueiro Luccas Claro jogou com o nome de seu pai, Pedro Barboza, que morreu de covid-19, em sua camisa. Além dele, o volante Yago também ostentou o nome de seu avô, também falecido na última semana, e Fred atuou com o nome de João Emanuel, menino de um ano que sofre de Atrofia Muscular Espinhal (AME). A ideia é ajudar numa campanha de arrecadação de custos para o pagamento do remédio, que custa mais de R$ 12 milhões.